
Obra de Van Gogh, acredita-se que o pintor holandês tivesse Transtorno Bipolar, produzindo muitos quadros nos períodos de hipomania, mas também enfrentado episódios depressivos graves.
Conheça um pouco sobre transtorno Borderline e Bipolar, condições distintas, mas que causam confusão entre os pacientes e ambas com impactos consideráveis se não tratadas corretamente.
Transtorno de personalidade Borderline

Os transtornos de personalidade (TP) são condições com surgimento na adolescência e início da idade adulta, todavia com origens já mesmo na gestação,
assim tem abordado a teoria biopsicossocial, que propõe que as pessoas com TP Borderline possuem uma combinação de fatores para manifestar a condição :
componentes genéticos e herdados dos pais, histórico de eventos traumáticos e estressores na infância, como abuso sexual, violência física, psicológica e negligência parental, associados a um ambiente hostil.
A ocorrência na população está estimada em cerca de 1,6% a 5,9%, com maior prevalência em mulheres, todavia acredita-se que devido a menor busca por tratamento pelo sexo masculino.
TP Borderline causa sofrimento e prejuízos significativos, não só aos pacientes mas também aos familiares e pessoas próximas, essa condição merece uma abordagem interdisciplinar e efetiva.
Há casos também em que a pessoa não enfrentou um ambiente doméstico ou externo com alta carga de estresse ou violência,
e mesmo assim pode manifestar TP Borderline, acredita-se que nesse caso haja uma forte predisposição genética.
A origem do termo ” Borderline ” é ainda do século XX, quando não se conhecia muito sobre o transtorno e a psiquiatria usava termos classificatórios da psicanálise, como neurose e psicose.
Os pacientes Borderline podem manifestar sintomas de humor e psicose (como alucinações), eles eram pacientes que estavam no ” limiar, fronteira ” das duas condições.
Pessoas com TP Borderline possuem uma sensibilidade exacerbada e reações emocionais e comportamentais intensas,
levando horas ou dias para para retornarem a um estado emocional menos reativo.
Os pacientes também relatam grande oscilações do humor durante o dia, muitas vezes descrevendo a situação como uma ” montanha russa ” de emoções.
No centro dessa condição está e desregulação emocional generalizada, uma incapacidade em lidar, modular e identificar as emoções,
o que em casos severos pode levar a crises com destruição de móveis e outros objetos, autolesão, agressão de terceiros, além de comportamento sexual de risco, uso de drogas e direção perigosa.
Como é feito o diagnóstico de TP Borderline ?
O diagnóstico é realizado em uma consulta com o médico Psiquiatra, profissional especializado em transtornos de personalidade.
São considerados os critérios diagnóstico do DSM V ( manual diagnóstico de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria ) :
- Esforços desesperados para evitar o abandono (real ou imaginado)
- Relacionamentos intensos e instáveis que se alternam entre idealização e desvalorização da outra pessoa
- Autoimagem ou senso do eu instável
- Impulsividade em ≥ 2 áreas que pode prejudicá-los ( ex., sexo inseguro, compulsão alimentar, dirigir de forma imprudente)
- Comportamentos, gestos ou ameaças recorrentes de suicídio ou autolesão
- Mudanças rápidas no humor, normalmente durando apenas algumas horas e raramente mais do que alguns dias
- Sentimentos persistentes de vazio
- Raiva inadequadamente intensa ou problemas para controlar a raiva
- Pensamentos paranoicos temporários ou sintomas dissociativos graves desencadeados por estresse
Transtorno Bipolar

As inúmeras cartas escritas por Van Gogh, em sua maioria para seu irmão Theo, serviram como rico material para especulações sobre possíveis transtorno mentais.
Especialistas investigaram mais de 800 cartas e levantaram a hipótese de que o gênio holandês pudesse ter sido bipolar, enfrentando quadros depressivos graves durante a vida, além da dependência do álcool.
O Transtorno Bipolar é um dos transtornos mentais com maior carga genética, sendo comum várias pessoas na mesma família serem diagnosticadas.
O quadro geralmente surge no início da idade adulta, acometendo igualmente homens e mulheres.
Tem ocorrência na população de 1 a 2 % (tipo 1 ) e até 8% ( tipo 2).
O tratamento é fundamental, uma vez que os episódios agudos da doença causam toxicidade cerebral e maior risco de que os sintomas se tornem crônicos.
Nessa população é muito comum também a comorbidade com outros transtornos,
como dependência de álcool e outras drogas, transtornos ansiosos https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/ansiedade-panico/,
TDAH https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/?s=tdah e também transtornos de personalidade.
Como é feito o diagnóstico de Transtorno Bipolar ?
No Transtorno bipolar 1 há a presença do quadro de mania, que é a presença de sintomas com sensação de aumento de energia, irritação e grandiosidade, por pelo menos 7 dias,
e é importante que seja excluído o uso de drogas ou doenças como hipertireoidismo.
Mania :
- Autoestima inflada ou grandiosidade
- Diminuição da necessidade de sono
- Falar mais do que o habitual
- Fuga de ideias ou pensamentos acelerados
- Facilidade em se distrair
- Aumento das atividades direcionadas a objetivos ou agitação psicomotora
- Envolvimento excessivo em atividades com alto potencial para consequências negativas (p. ex., gastar em festanças, investimentos financeiros tolos)
Na mania o paciente pode fazer gastos gigantescos, se desfazer de bens, se envolver em comportamento sexual impulsivo e de risco.
É comum também a presença de sintomas psicóticos, como relato de estar sendo perseguido, experiências místicas, religiosas ou acreditar ser uma celebridade ou pessoa de muito poder .
No Transtorno Bipolar 2 não ocorre mania, mas sim a hipomania : sintomas mais brandos , que duram ao menos 4 dias, muitas vezes não percebidos por outras pessoas,
o paciente se sente mais produtivo e não tem grandes prejuízos, além de não ter sintomas psicóticos ( delírios , alucinações ) e não precisar de internação.
Para o diagnóstico de TB 2 é necessário também histórico de um quadro depressivo prévio.
Esses paciente demoram anos para terem um diagnóstico correto, nos Estados Unidos até 10 anos, pois na imensa maioria os pacientes com TB 2 são pessoas com quadros depressivos que duram anos,
sem resposta ao uso de antidepressivos,
além de muitas vezes o paciente não ser questionado sobre sintomas de hipomania por um profissional,
então acabam tendo o diagnóstico de depressão, depressão recorrente ou transtorno de personalidade.
Recebem tratamento equivocado e vivem anos com baixa qualidade de vida e prejuízos na vida pessoal e profissional.
Qual médico trata TP Borderline e Transtorno Bipolar ?

O médico Psiquiatra é o profissional especializado no tratamento do TP Borderline e Transtorno Bipolar, além dos 6 anos da graduação em medicina são mais 3 anos na residência de Psiquiatria.
Realizei minha residência na FAMERP – Hospital de Base em São José do Rio Preto – SP, um serviço de referência no Brasil, sou extremamente grato aos meus professores e todos pacientes que pude acompanhar,
desde os ambulatórios especializados, CAPS , CAPS AD, interconsulta no Hospital de Base e no Hospital Bezerra de Menezes.
Além disso, realizei aperfeiçoamento em psicogeriatria na USP, a fim de melhor atender as pessoas da terceira idade.
A psiquiatria é uma especialidade complexa e fascinante, todavia exige persistência e determinação na construção de um conhecimento sólido.
Minha missão como médico é ter um impacto positivo na vida dos pacientes, compreender seus valores, objetivos e estabelecer uma relação genuína, de confiança e parceria, a fim de que possam alcançar qualidade de vida, saúde mental e bem estar.
Veja abaixo o que dizem nossos pacientes :




Borderline : tratamento
No TP Borderline é fundamental a comunicação do diagnóstico ao paciente, isso contribui de grande forma com a adesão ao tratamento e na própria compreensão do paciente,
que muitas vezes não compreende suas reações intensas e comportamentos.
Pessoas com o TP Borderline tem maior predisposição a outros transtornos, como depressão https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/depressao, transtornos ansiosos, dependência química, TDAH
transtorno alimentar e transtorno bipolar, é fundamental uma entrevista detalhada e cuidadosa, a fim de identificar a presença das comorbidades.
Na base do tratamento está a psicoterapia, sobretudo a DBT (Terapia Dialética Comportamental), a abordagem com maior evidência de sucesso para TP Borderline
e também aplicada para outras condições com desregulação emocional generalizada.
A DBT é uma terapia estruturada e dividida em estágios, o foco no início será no controle das autolesões e no comportamento de suicídio.
Ao contrário do que é difundido, pacientes que recebem um tratamento interdisciplinar e efetivo possuem altas taxas de remissão, alcançando qualidade de vida e bem estar físico e mental.
O uso de psicofármacos no TP Borderline pode ser bem indicado na abordagem de comorbidades como depressão, TDAH, transtorno ansioso , condições muito comuns nesses pacientes.
Atualmente as medicações mais usadas são estabilizadores de humor e antipsicóticos, todavia deve ser explicado ao paciente que a psicoterapia é fundamental para o sucesso do tratamento,
e o uso isolado de medicações não é recomendado.
Bipolar : tratamento
É fundamental realizar a psicoeducação com o paciente e pessoas próximas, orientar sobre os sintomas, sinais de alarme, mudanças de estilo de vida e a necessidade de medicações.
As evidências mostram que o uso de psicofármacos é fundamental no tratamento do paciente bipolar, levando ao controle de sintomas, qualidade de vida e prevenção de recaídas.
As diretrizes mais recentes têm apoiado o uso de estabilizadores de humor e antipsicóticos, além de ser fundamental identificar em qual episódio o paciente se encontra,
uma vez que possuem particularidades os tratamentos nos episódios de mania/hipomania e depressão bipolar, além do episódio misto, uma condição também grave que necessita de abordagem imediata.
No estado misto o paciente possui muitos sintomas depressivos, mas também sintomas do polo da mania, tendo agitação, inquietude, desespero, irritabilidade, com grande sofrimento psíquico.
O transtorno bipolar possui tratamento efetivo, o acompanhamento com o Psiquiatra é fundamental para controle de sintomas e prevenção de recaídas.
Como é a consulta com o Psiquiatra ?
A consulta com o paciente geralmente se inicia pela identificação, é importante informações como estado civil, profissão e escolaridade.
Após isso os pacientes trazem sua demanda inicial e ao longo da consulta o médico Psiquiatra usará a anamnese ( entrevista médica direcionada) para coletar as informações necessárias e elaborar uma hipótese diagnóstica.
Também podem ser úteis aplicação de escalas e testes, sempre levando em conta a individualidade da pessoa.
Nesse primeiro contato também já se inicia a construção do vínculo, uma relação de confiança e interesse genuíno pela pessoa é a base de uma relação médico – paciente de sucesso, assim como o acolhimento do paciente e família, visto que geralmente estão em um momento de vulnerabilidade.
Quando possível, e com a concordância do paciente , informações de familiares ou pessoas próximas podem ser de grande ajuda.
Além disso, ao longo da consulta, o estado mental do paciente também é avaliado, funções como orientação tempoespacial,
atenção, pensamento, humor, afeto e juízo da realidade são avaliados e contribuem para a formulação de hipóteses diagnósticas.
Ao fim da consulta é fundamental que seja orientado ao paciente sobre seu possível diagnóstico ou ausência de transtorno mental,
discutir sobre opções de tratamento e as intervenções medicamentosas e não medicamentosas disponíveis, como psicoterapia, atividade física e higiene do sono, um conjunto de hábitos que favorece um sono reparador.
Teleconsulta – atendimento Online
Essa modalidade de atendimento trouxe inúmeros benefícios, como o acesso de pacientes que moram em locais distantes dos grandes centros a profissionais qualificados,
maior flexibilidade de horários, maior comodidade, além de evitar que os pacientes realizem grandes deslocamentos.
No atendimento Online todos componentes do atendimento presencial em Psiquiatria são possíveis de serem aplicados :
- acolhimento
- escuta empática e ativa
- construção de vínculo e conexão
- avaliação do estado mental ( orientação, humor, pensamento, atenção, fala, sensopercepção e mais)
- realização de diagnóstico
- orientações sobre tratamento e envio de receita digital
- mudanças de estilo de vida
- acompanhamento pós consulta
A Telemedicina se adaptou muito bem à Psiquiatria, tem sido um modelo de atendimento cada vez mais usado,
possibilitando sucesso ao tratamento de pacientes que anteriormente não tinham acesso a médicos especialistas.
Dr. Pedro Carvalho | Psiquiatra
CRM 15349 | RQE 7602
Instagram @drpedrocarvalhopsiq
Telemedicina e Presencial
R. das Orquídeas 632, Jardim Botânico, Clínica Vitalian, Sinop – MT
(66) 999085004
Referências :