Leia o artigo abaixo e conheça mais sobre : comer emocional, bulimia, compulsão alimentar e como uma saúde mental de qualidade favorece uma relação saudável com a alimentação e o corpo .

Comida, comer e emoções
O ato de comer é complexo, além de envolver a necessidade de nutrir o corpo, também envolve sentimentos, memórias e rituais.
Se você analisar as grandes datas comemorativas da nossa cultura envolvem refeições especiais e são datas cheias de aromas e sabores, como a Páscoa, festas juninas, aniversários, almoços de domingo, Natal e Ano Novo.
Todos temos alimentos favoritos e especiais, aqueles que trazem lembranças de pessoas e momentos especiais que vivemos .
Além de nutrir nosso corpo os alimentos nos nutrem de emoções, enquanto nos alimentamos é liberado no nosso cérebro o neurotransmissor dopamina, responsável pela sensação de prazer e bem estar.
Alimentos ricos em gordura e açúcares têm um potencial de liberação de dopamina maior, por isso esses alimentos são tão atraentes aos nossos olhos e ao nosso cérebro ( alimentos hiperpalatáveis ).
Sabendo disso é fácil compreender porque no fim de um dia difícil podemos sentir necessidade e forte impulso em pedir uma pizza ou comer um doce,
buscando muitas vezes de forma inconsciente aconchego, afeto e alívio para o estresse.
Isso não é um transtorno mental , mas se o ato de comer é sua principal estratégia para lidar com emoções talvez seja necessário se questionar :
há outras formas de lidar e manejar essas emoções ? Tenho uma relação saudável com a comida e meu corpo ?

TCA : transtorno de compulsão alimentar , uma condição desconhecida por médicos e pacientes
A principal diferença do transtorno de compulsão alimentar para o comer emocional é a sensação de perda de controle sobre a ingesta da comida e os sentimentos que surgem após : tristeza, culpa, vergonha .
Também está presente o hábito de comer rápido, ingerir grande quantidade de comida em pouco tempo, preferir comer sozinho por vergonha, sensação de desconforto físico pela ingesta excessiva.
Esses episódios de compulsão devem acontecer ao menos uma vez por semana por três meses.
Quando está presente o ato de induzir vômitos, fazer uso de laxantes, diuréticos e outras medicações sem prescrição médica com objetivo de evitar a absorção das calorias ou perder peso,
ou realizar atividade física intensa ou jejum, estamos falando de outro transtorno alimentar, a Bulimia Nervosa, geralmente são pacientes com peso normal ou sobrepeso.
O transtorno de compulsão alimentar é um transtorno alimentar pouco investigado nas consultas médicas, todavia sabemos que tem ocorrência no Brasil que pode variar de 2 a 5 % da população ( até 10 milhões de pessoas ),
e em grupos específicos pode chegar a 30 % e 50 %, como nos pacientes com obesidade e candidatos à cirurgia bariátrica .
Devemos lembrar que a obesidade é uma doença crônica e complexa, deve ser abordada e tratada de forma ampla e multidisciplinar.
Muitas vezes as pessoas não tem sucesso no processo de emagrecimento saudável por negligenciarem os cuidados em saúde mental,
ou por estarem em acompanhamento com profissional que não tem conhecimento no tratamento e diagnóstico de transtornos alimentares, transtornos de ansiedade, TDAH e depressão, condições muito comuns em pessoas com obesidade.
O uso de medicações como semaglutida e tirzepatida tem mostrado resultados fantásticos, mas é fundamental que a pessoa receba orientação e acompanhamento para implementar as mudanças do estilo de vida e que tenha
saúde mental para para lidar com as mudanças e conseguir colocar em prática os novos comportamentos que favorecem o emagrecimento saudável, qualidade de vida e bem estar.
Durante a avaliação é fundamental que sejam investigados sintomas de outros transtornos mentais, como depressão https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/depressao/,
transtorno de ansiedade https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/ansiedade-panico e TDAH https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/tdah-transtorno-mitos/ , condições muito comuns em pessoas com compulsão alimentar.
Conheça o Dr. Pedro Carvalho, médico Psiquiatra
O médico Psiquiatra é o profissional especializado no tratamento dos transtornos alimentares e saúde mental, além dos 6 anos da graduação em medicina são mais 3 anos na residência de Psiquiatria
Realizei minha residência na FAMERP – Hospital de Base em São José do Rio Preto – SP, um serviço de referência no Brasil,
sou extremamente grato aos meus professores e todos pacientes que pude acompanhar,
desde os ambulatórios especializados, CAPS, CAPS AD, interconsulta no Hospital de Base e internação e emergência no Hospital Bezerra de Menezes.
Além disso, realizei aperfeiçoamento em Psicogeriatria na USP, a fim de melhor atender as pessoas da terceira idade.
Atualmente atendo presencialmente em Sinop – MT na Clínica Vitalian e também atendimentos Online para todo Brasil.
A Psiquiatria é uma especialidade complexa e fascinante, todavia exige persistência e determinação na construção de um conhecimento sólido.
É uma especialidade médica que já foi muito estigmatizada, mas nos últimos anos tem se falado mais sobre saúde mental e a necessidade do cuidado das pessoas como um todo.
As demandas intensas da sociedade, uma pandemia que durou anos e o estilo de vida da população também contribuíram com o grande aumento dos transtornos mentais.
Minha missão como médico é ter um impacto positivo na vida dos pacientes, compreender seus valores, objetivos e estabelecer uma relação genuína, de confiança e parceria, a fim de que possam alcançar qualidade de vida, saúde mental e bem estar.
Veja abaixo o depoimento de alguns pacientes :




Como é a consulta com o Psiquiatra ?
A consulta geralmente se inicia pela identificação, é importante informações como estado civil, profissão e escolaridade.
Após isso os pacientes trazem sua demanda inicial e ao longo da consulta o médico Psiquiatra usará a anamnese ( entrevista médica direcionada) para coletar as informações necessárias e elaborar uma hipótese diagnóstica.
Também podem ser úteis aplicação de escalas e testes, sempre levando em conta a individualidade da pessoa.
Nesse primeiro contato também já se inicia a construção do vínculo, uma relação de confiança e interesse genuíno pela pessoa é a base de uma relação médico – paciente de sucesso, assim como o acolhimento do paciente e família, visto que geralmente estão em um momento de vulnerabilidade .
Quando possível, e com a concordância do paciente, informações de familiares ou pessoas próximas podem ser de grande ajuda.
Além disso, ao longo da consulta, o estado mental do paciente também é avaliado, funções como :
orientação tempoespacial, atenção, pensamento, humor, memória, afeto e juízo da realidade são avaliados e contribuem para a formulação de hipóteses diagnósticas.
Ao fim da consulta é fundamental que seja orientado ao paciente sobre seu possível diagnóstico ou ausência de transtorno mental,
discutir sobre opções de tratamento e as intervenções medicamentosas e não medicamentosas disponíveis,
como psicoterapia, atividade física e higiene do sono, um conjunto de hábitos que favorece um sono reparador.
Tratamento do Transtorno de compulsão alimentar (TCA)

É importante uma entrevista cuidadosa e a identificação de possíveis comorbidades psiquiátricas e clínicas, para um tratamento efetivo.
É fundamental o acompanhamento em conjunto com a equipe da psicologia, sobretudo da terapia cognitivo comportamental (TCC) e com um nutricionista comportamental,
pois dietas restritivas são contraindicadas para pacientes com TCA ( podem aumentar a ocorrência de episódios de compulsão),
o foco deve ser no comportamento e na construção de uma relação saudável e harmoniosa com a comida.
Quanto ao uso de medicações, a lisdexanfetamina é aprovada para casos moderados a graves e pode ser prescrita pelo médico Psiquiatra com o objetivo de reduzir os episódios de compulsão,
além do tratamento de outros transtornos que podem estar associados piorando o quadro, como transtorno de ansiedade, depressão e TDAH .
O tratamento em psiquiatria sempre deve ser individualizado, além da lisdexanfetamina há outras opções de medicações que podem ser de grande ajuda.
Devemos lembrar que o sucesso do tratamento depende do diagnóstico correto, capacidade do médico em engajar o paciente no processo de tratamento e no trabalho conjunto com psicólogo e nutricionista.
TCA e TDAH : neurobiologia e neurocognição em comum
Cerca de 30% dos pacientes com TCA ( transtorno de compulsão alimentar ) também possuem TDAH https://drpedrocarvalhopsiquiatra.com.br/tdah-transtorno-mitos/.
Esses dois transtornos compartilham muitas semelhanças em sua neurobiologiae neurocognição :
- Controle inibitório : pacientes com TDAH e TCA compartilham prejuízos na capacidade de se controlar, com dificuldade em alterar ou suprimir ações que não são necessárias ou apropriadas, o que é fundamental para a adaptação ao meio.
O controle inibitório regula atenção, comportamento, pensamento e emoções.
- Regulação emocional, motivação e tomada de decisão : estudos de neuroimagem e neurocognição sobre TCA sugerem alterações corticoestriatais semelhantes às encontradas no TDAH.
É uma manifestação comum em pessoas com TDAH e TCA dificuldade em modular e lidar com emoções intensas.
- Circuito de recompensa / resposta à dopamina :
Pacientes com TDAH possuem um sistema de recompensa alterado, com sinalização de dopamina reduzida no córtex pré frontal e em outras regiões límbicas, dificultando a obtenção de recompensa e motivação em atividades do dia a dia .
No TCA existe uma resposta exacerbada aos estímulos alimentares, o ato de comer funciona como uma grande fonte de dopamina, reforçando o comportamento compulsivo e disfuncional.
A Lisdexanfetamina é uma medicação aprovada pela ANVISA e FDA para o tratamento do TDAH e TCA, ela age bloqueando o transportador de dopamina e reduzindo sua degradação enzimática,
aumentado a disponibilidade do neurotransmissor na fenda sináptica.
Esses transtornos compartilham muitas semelhanças tanto em sua neurobiologia como em neucognição, são condições complexas que devem ser avaliadas e acompanhadas pelo médico psiquiatra e equipe interdisciplinar, da psicologia e nutrição comportamental.
Bulimia nervosa – BN
A bulimia nervosa é um transtorno alimentar onde está presente a compulsão pela comida (sensação de perda de controle ),
com episódios de ingesta de grande quantidade de alimento em pouco tempo, associada à purgação ou comportamentos compensatórios :
jejum, exercício intenso, indução de vômitos, uso de diuréticos, laxantes e outras medicações.
A bulimia é uma condição rara em homens e é mais comum em mulheres jovens. Ao contrário da anorexia os pacientes com bulimia têm peso normal ou sobrepeso.
A questão da autoimagem também é motivo de preocupação e sofrimento psíquico, as pessoas com Bulimia se preocupam constantemente com o peso e tem uma percepção distorcida da própria autoimagem,
geralmente se percebem com mais peso do que realmente tem.
É muito comum que aconteçam complicações clínicas decorrentes da bulimia, como esôfago de Barrett, em decorrência dos vômitos constantes,
cáries, desgaste do esmalte dos dentes, distúrbios hidroeletrolíticos, rouquidão, face em lua cheia ( pelo aumento das glândulas salivares).
Infelizmente pessoas com bulimia passam anos com o transtorno sem tratamento, muitas vezes há vergonha em falar sobre o assunto,
todavia com acompanhamento e tratamento especializado é possível conseguir a interrupção dos episódios compulsivos, purgativos e reestabelecer a saúde física e mental.
Mindful eating, em paz com a comida

A atenção plena ou mindfulness não é uma estratégia para relaxar ou acalmar, é uma habilidade que tem como objetivo nos conectar ao momento presente,
às emoções que estamos sentindo e às necessidades que temos naquele momento, sem julgamentos, trazendo mente, espírito e coração em equilíbrio, para refeições prazerosas e gratificantes.
Quantas vezes você já se pegou comendo em frente à TV ou pensando no trabalho que precisa terminar? A nossa rotina nos coloca em automático e muitas vezes nem saboreamos os alimentos que estamos comendo ou reservamos um tempo para as refeições.
Na prática :
- Se questione : o que estou sentindo é fome ? Ou tédio, tristeza, frustração ? Se é fome você deve comer, mas se identificar que na verdade é uma emoção, reflita sobre a necessidade de comer, tome um copo de água ou um chá e aguarde um momento.
- Não se distraia : evite comer assistindo TV ou mexendo celular, comer no automático faz você comer mais do que precisa, além de após terminar a refeição você provavelmente não se lembrará do sabor do alimento que ingeriu, pois estava distraído em outra atividade.
- Conecte-se com sua comida : se questione da onde veio o alimento, qual o caminho para ele chegar ao seu prato, o trabalho e as pessoas envolvidas no processo, quanto tempo levou para o cultivo daquele alimento ?
- Visão : envolva esse sentido na refeição, deixe o prato atraente visualmente.
- Olfato : sinta o aroma da refeição, aproveite o momento, feche os olhos e tente identificar os ingredientes pelo aroma.
- Tempo : não precisa ser um tempo longo, 20 minutos já são suficientes. Se você se distrair tente voltar o foco para a mastigação e respiração, pense no caminho do seu alimento até você, apoie os talheres na mesa enquanto mastiga.
- Observe a textura : sinta o alimento na boca, identifique a textura, temperatura.
- Identifique as emoções : sem julgamentos, apenas deixe surgir as emoções, agradáveis ou desagradáveis, é importante você treinar a habilidade de identificar se está comendo porque tem fome ou se está lidando com emoções difíceis comendo.
- Não pense na comida como prêmio ou castigo, pense que uma refeição é um momento de prazer, de estar realmente presente, saboreando os alimentos com pessoas especiais ou sozinho, aproveitando cada bocado com todos os sentidos .
Teleconsulta – atendimento Online
Essa modalidade de atendimento trouxe inúmeros benefícios, como o acesso de pacientes que moram em locais distantes dos grandes centros a profissionais qualificados,
maior flexibilidade de horários, maior comodidade, além de evitar que os pacientes realizem grandes deslocamentos.
No atendimento Online todos componentes do atendimento presencial em Psiquiatria são possíveis de serem aplicados :
- acolhimento
- escuta empática e ativa
- construção de vínculo e conexão
- avaliação do estado mental ( orientação, humor, pensamento, atenção, fala, sensopercepção e mais)
- realização de diagnóstico
- orientações sobre tratamento e envio de receita digital
- intervenções para mudanças de estilo de vida
- acompanhamento pós consulta
A Telemedicina se adaptou muito bem à Psiquiatria, tem sido um modelo de atendimento cada vez mais usado,
possibilitando sucesso ao tratamento de inúmeros pacientes que anteriormente não tinham acesso a médicos especialistas.
Além da medicação
O objetivo central na Psiquiatria é favorecer a saúde física e mental dos pacientes, a fim de que eles possam realizar seus objetivos e alcançar seus potenciais,
como consequência contribuindo com o bem estar de familiares e pessoas próximas .
Quando se fala em saúde mental é de suma importância promover a medicina do estilo de vida , que tem como pilares :
- Sono de qualidade e reparador
- Manejo do estresse
- Interrupção do tabagismo e redução de outros tóxicos
- Relacionamentos de qualidade
- Atividade física
- Dieta saudável
Dr. Pedro Carvalho | Psiquiatra
CRM 15349 | RQE 7602
Telemedicina e Presencial
Instagram @drpedrocarvalhopsiq
R. das Orquídeas 632, Jardim Botânico, Clínica Vitalian, Sinop – MT
(66) 999085004
Referências :
https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/GzyxJx7GtB3fbszbfD5TcWk/abstract/?lang=pt
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27462898
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762020000300013